domingo, 15 de julho de 2007

dói-me o peito

não te amo por quem és, mas pelo que sou quando estou contigo.


dói-me o peito destila os humores da noite resgatada à garagem e a uma cerveja mijona servida em bacios de plástico, e cigarros enrolados entre dentes drásticos
dói-me o peito, assobia, como o motor do carro engasgado pelos anos de rodagem
dói-me o peito, lembra-me, quem está por trás da acção?
dói-me o peito, mas o melro, apesar da chuva, espreita, a televisão debita filmes velozes tiros nas trombas e lingerie de domingo tardio
domingo e a semana por um fio
e a consciência, ela não te disse que eu não trazia consciência
alojou-se no peito, traz-me o estômago suspeito
o meu peito dói
dói-me a gente, dói-me a manhã que não vi
(eu) peso, como um intoxicado, todos os pensamentos em vertiginoso cardo, inspiro expiro
não porque aspire, inspiro expiro, porque na leva o vento que me entretém a dose que me mantém titubeante à tona desta barcaça me faz massa, dor de peito e graça
dói-me o peito, e a jeito doem-me todas vós em mim
eu mais elas, déspotas sim
dói-me a voz no peito
e o peito em mim


nota: imagem da pinga de mel

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